quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nilson: Crônica Policial 05 - Antropofagia

Antropofagia 

A prática da antropofagia (canibalismo) é tão antiga quanto à humanidade, não sendo possível definir em quais condições ela surgiu. Porém é sabido que raramente um ser humano devora a carne de seu semelhante para saciar a fome.

Exceção, por exemplo, seria o caso de uma equipe esportiva que na década de 70 sofreu um acidente de avião em uma cadeia de montanhas, e que aos sobreviventes, para não morrerem, restou a cruel opção de devorar a carne de seus amigos.

Tem se conhecimento também, que à época da chegada de Cabral e sua trupe em terras tupiniquins, alguns silvícolas comiam literalmente os adversários na certeza de que iriam adquirir suas qualidades. Em tempos atuais, comentam-se de que ainda existe canibais no Amazonas e em selvas africanas, o que é bem possível. Certeza mesmo é que alguns guerrilheiros de certos países se deliciam com banquetes feitos com o coração dos inimigos e bebem seu sangue, em um espetáculo assustador.
Há alguns anos, Mundo Novo ganhou destaque na mídia nacional devido a um suposto caso de antropofagia ou canibalismo, que teria vitimado um senhor de pouco mais de cinquenta anos de idade. Este cidadão, figura folclórica, era alcoólatra contumaz, mas não incomodava ninguém, “muito gente boa” no dizer popular.

O tenebroso caso ganhou repercussão  quando de madrugada, um jovem, homossexual assumido, esteve na Delegacia de Polícia Civil e tocou a campainha. Atendido por um policial civil, ele ainda todo sujo de sangue e trajando uma bermuda minúscula, disse que juntamente com um comparsa, maior de idade e que seria seu namorado, havia matado o homem, cujo corpo ainda estava no interior de sua casa. 

Acionados via telefone pelo colega investigador, policiais militares do Terceiro Pelotão de Mundo Novo estiveram na residência e após constatarem a veracidade dos fatos, detiveram o adolescente e foram atrás do outro assassino, que residia em um  bairro próximo. O indivíduo foi preso enquanto dormia tranquilamente na casa de seus pais, completamente nu e também todo sujo de sangue. Ele confessou a participação no crime, mas disse que quem matou a vítima havia sido o menor.

A partir disso, surgiram vários boatos quanto à motivação do homicídio e o que teria ocorrido depois que a vítima havia sido morta. Fofocas davam conta de que os dois assassinos teriam devorado vísceras da vítima e bebido seu sangue, em um ritual macabro. O que levou pessoas a deduzirem  isso não se sabe, porém é certo que o crime foi horrendo, para se dizer o mínimo.

È de conhecimento público e fotos espalhadas através da internet comprovam isso, é que o coitado do homem foi castrado, teve sua garganta cortada e seu tórax aberto, sendo que seus órgãos foram retirados de dentro do corpo. Isto pode ter dado “asas” à imaginação popular.

Fato é que não restou provada a prática do  canibalismo, que em nossa legislação poderia ser tipificado como vilipêndio a cadáver, ou seja, desrespeito ao corpo do falecido, já que a antropofagia não está tipificada especificamente no Código Penal Brasileiro.

O menor de idade foi levado para uma unidade destinada a adolescentes, enquanto seu “namorado” e comparsa maior de idade, foi sentenciado salvo algum equívoco deste escriba, há 17 anos de cadeia, devido ao homicídio qualificado e o vilipêndio a cadáver. 

Nilson Silva

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