Recentemente vivi uma experiência que me levou a fazer
algumas reflexões que gostaria de compartilhar com vocês. No ano passado fiz
uma viagem para fora do país e durante o voo nos deparamos com uma tempestade
no caminho. A decisão do piloto foi mudar a rota e nos levar para outra cidade.
Pousamos de forma segura e somente após algumas horas, quando o fenômeno tinha perdido
força, continuamos a nossa viagem.
Não vi ninguém parabenizando o piloto por sua decisão.
Pelo contrário, vi um passageiro estressado, gritando com os funcionários da
companhia aérea, por que ele ia perder um compromisso importante. Se tivéssemos
continuado, talvez ele não perdesse o compromisso: perdesse a vida. Mas isso é
só um pequeno detalhe, diante da “importância” do compromisso.
Este ano, voltei para a mesma região e mais uma vez
encontramos uma tempestade. Diferentemente do que aconteceu no ano passado, o
piloto resolveu prosseguir a viagem. Já voei bastante e entrar em áreas de
turbulência não é nenhuma novidade. Entretanto, desta vez foi diferente:
sinceramente pensei que não iríamos conseguir sair ilesos daquela situação.
Depois de um longo momento de tensão e apreensão,
pousamos. Ao tocar no solo, os passageiros aplaudiram (o que é um costume comum
no exterior, quando o pouso é bem realizado) e ao parar totalmente a aeronave,
novamente os passageiros aplaudiram (o que não é comum). Pelo apresentado,
ficou claro que para muitos passageiros, o nosso piloto foi um herói! Mas, será
que foi realmente? Qual a sua opinião?
Sei que a companhia aérea interfere no que deve ser feito
em situações atípicas, mas sei, igualmente, que a decisão final é do piloto.
Sei também que vários acidentes aéreos ocorrem porque alguém tomou a decisão de
enfrentar essa força da natureza e colocou em risco muitas vidas humanas.
Assim fiquei pensando nas duas situações: na primeira o
piloto tomou uma decisão que não foi simpática aos passageiros e todos nós não
valorizamos a sua atitude, que passou despercebida. Não agradecemos, não
comemoramos, nada fizemos. Naquele momento, a decisão que o piloto tomou era a
melhor para nós, mas mesmo assim, agimos como se fosse a obrigação dele.
Na segunda, a decisão do piloto, se não nos colocou em
perigo eminente (não tenho conhecimento técnico para afirmar) nos colocou em
condição de desconforto, de medo, de tensão. Sofremos os efeitos negativos de
uma decisão que ele tomou e mesmo assim, enaltecemos o seu comportamento, o seu
desempenho.
Neste caso tudo deu certo, mas, se algo tivesse falhado?
Tudo mudaria rapidamente. De herói, ele passaria a bandido; de competente a
incompetente. Tudo em fração de segundos. A mesma situação ocorre nas empresas:
o gestor também pode passar de herói a vilão rapidamente.
Estou ciente de que a maneira como as pessoas tomam
decisões e a qualidade das escolhas finais, dependem fortemente de suas
percepções: percepção de que tem conhecimento suficiente, percepção de que há
domínio do equipamento, percepção de que nada falhará, etc. Mas é importante
destacar que, muitas vezes, essas percepções não correspondem à realidade e que
uma das grandes origens dos erros está no excesso de confiança de quem está
tomando a decisão.
Para fortalecer as nossas percepções, o nosso cérebro
possui um sistema que conta com três engrenagens que são solicitadas sempre que
precisamos decidir sobre algo. Uma representa o desejo de chegar à conclusão
mais lógica, a seguinte está ligada a sua própria experiência de vida e a
última consulta os seus antepassados.
Como pode ser observado, cada uma delas apresenta uma
perspectiva que, necessariamente, não convergem. Neste caso, optamos por aquela
que, de acordo com as nossas percepções, se destaca. Outro ponto a salientar é
que, tomar decisões quase sempre implica em correr riscos, já que na maioria
das vezes não há como comprovar previamente que a opção será acertada. Algumas
vezes, inclusive, a única opção que temos é usar a intuição.
Se você nunca parou para pensar sobre a tomada de
decisão, observe que o que vivemos ou experimentamos hoje, é fruto das decisões
que tomamos ao longo da nossa vida. Assim, reflita sobre as decisões que você
está tomando atualmente. No futuro você estará vivendo as consequências dela. Portanto,
aja corretamente hoje e seja feliz sempre. Que assim seja!
(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de pessoas,
palestrante, professor universitário, mestre em Administração, especialista em
Psicologia Organizacional, pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em vendas
Contato: om@odilonmedeiros.com.br
/ www.odilonmedeiros.com.br
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