Reinos de Saul, Davi e Salomão
A despeito do relato
bíblico, os estudiosos não acreditam que tenha havido um grande reino hebreu no
período dos reinados de Saul, Davi e Salomão, mas que esses líderes foram
engrandecidos devido a uma projeção de período posterior. Há
muita controvérsia sobre o verdadeiro papel de Saul na história do povo hebreu.
Exageros já haviam sido notados, por exemplo, nos números
de 2 Samuel 24:9, que fariam do exército de Davi numericamente próximo da população
da capital austríaca: 1.300.000 homens. Como afirma Joseph Blenkinsopp, “o
registro bíblico fala em termos brilhantes das conquistas de Davi e Salomão,
mas a realidade foi provavelmente mais modesta; e é necessário ter em mente que
nenhuma fonte daquele tempo se refere, mesmo de passagem, a qualquer um dos
dois reis ou ao Grande Israel que eles haviam criado”. De acordo com
historiadores como Thomas Thompson, “não há evidência de uma monarquia unida,
não há evidência de uma capital em Jerusalém ou de qualquer força política
coerente e unificada que tenha dominado a Palestina ocidental (...)”. Portanto,
acredita-se que o engrandecimento da Monarquia Unida é um anacronismo. No que
diz respeito às figuras de Davi e Salomão, muitos autores publicaram livros
comparando sua descrição literária às fontes extra-bíblicas. Davi é citado
indiretamente numa estela de difícil datação chamada de Tel Dan "casa de Davi",
ou seja, dinastia de Davi. Já no que diz respeito a Salomão, os arqueólogos
jamais encontraram um documento que lhe fizesse referência. É notável que em
nenhuma Estela, nem nos arquivos egípcios, nem nos arquivos de Biblos, nem nos
arquivos da Assíria e nem em Aram-Damas haja qualquer menção ao nome de
Salomão, muito embora a Bíblia o descreva como um grande rei. Não obstante,
como afirma Hans M. Barstad, isso não significa que Davi e Salomão não tenha
existido, mas apenas que o relato "misturou" ficção e realidade. O relato
bíblico exagerou, contudo, sobre a grandeza do reino de Israel no período de
Davi e Salomão. De acordo com o arqueólogo Amihai Mazar, “nós podemos descrever
a Monarquia Unificada como um Estado num primeiro estágio de desenvolvimento,
longe de ser um Estado rico e em larga extensão como no relato bíblico”. Para
Hans M. Bastard, a ideia de uma Era Dourada, representada pelo Império
Davídico, é um padrão próprio a um gênero literário chamado de "Histórias
Nacionais", comum às sagas escandinavas e gaélicas. A ideia da criação de um Império
Davídico-Salomônico é explorada detalhadamente por Israel Finkelstein e Neil
Asher Silberman. No século X e mesmo no século IX a.C., Jerusalém era uma
cidade pobre com pouco espaço para zona residencial e poucas fortificações.
Como demonstram numerosos estudos, as evidências para um incipiente Estado
centralizado só surgirão dois séculos mais tarde. De acordo com Mario Liverani,
Jerusalém era "Minúscula" e Judá "pouco povoada" no século
X a.C.. Mesmo durante os séculos IX e VIII a.C., o desenvolvimento foi modesto.
A população inteira da região foi estimada pelo autor em 110 000 habitantes. William
Dever faz uma estimativa semelhante. Outros
trabalhos sobre a inexistência de um Estado centralizado Israelense na época de
Davi e Salomão foram realizados por Jessica N. Whisenant, David Ussishkin,
Nadav Na’aman, Margreet Steiner, Killebrew Whitelam e Franken, entre outros.
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