para o Mundo Moderno
Foi o escritor cristão Tertuliano, que entre os séculos
segundo e terceiro teria usado a expressão “trindade” no sentido religioso. Nos
dias de hoje o termo tem uma característica estritamente cristã, referindo-se à
natureza trina de Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É necessário, no
entanto, o entendimento de que a tríade ou trindade das divindades já
existia em diversas religiões
pré-cristãs, uma das quais era a religião do antigo Egito em que uma trindade
se constituía dos deuses Osíris, Ísis e Hórus. Osíris era o Pai, o Grande
Criador. Ele era representado na forma de uma múmia. Em murais funerários e em
textos do Livro dos Mortos, ele segura ou uma ankh ou uma mangual, denotando a
lei, e um cajado de pastor, significando o poder. Ísis, sua esposa e irmã, era
filha da deusa celestial Nut. O filho deles, terceiro elemento dessa trindade,
era Hórus. Ele é apontado como vingador da morte de seu Pai. É uma alusão a
Osíris ter sido esquartejado pelo seu irmão Set e à vingança de sua morte por
Hórus.
A trama para Set assassinar seu irmão Osíris é conhecida
como “A Lenda dos dois Irmãos”, talvez a história mais antiga da literatura e
tendo um paralelo muito claro com o relato bíblico de Caim e Abel. Não há qualquer
dúvida de que há uma relação direta entre muitas doutrinas e dogmas religiosos,
uma doutrina dramática sendo emprestada da literatura sagrada de outras seitas
da antiguidade, e alterada cuidadosamente para se adaptar a um novo ambiente
cultural. Um exemplo é a história relatando que o Rei Minos de Creta recebeu a
Tábua das Leis do Deus Zeus, sendo impossível não perceber a semelhança com o
relato de Moisés no Pentateuco, quando este também recebeu as Tábuas de Jeová
no Monte Sinai. Da mesma maneira existem inúmeros relatos de nascimentos
virginais em religiões que não são cristãs.
Na religião Hindu existe de igual forma uma trindade
religiosa, que se constitui de Brahma, Vishnu e Shiva. Todos possuem significados
equivalente da religião cristã. A doutrina filosófica de Plotino também
estabelecia uma trindade abstrata. O Bem era a Mônada, a suprema Inteligência.
Depois vinha a Alma do Mundo, e
finalmente a Multiplicidade, que era o mundo dos indivíduos.
Interessante observar que a trindade cristã não é mencionada
no Antigo Testamento porque está baseada na crença da encarnação de Deus em
Cristo. Para a compreensão moderna, a explicação teológica é que “Deus, a
Palavra, se encarnou no Cristo, a quem os crentes seriam unidos por interseção
do Espírito Santo”. O Espírito Santo tem
sido interpretado mística e teologicamente como a graça divina, ou a
Consciência do Divino Bem. É, sem dúvida, o elemento mais abstrato da trindade.
Mass existe ainda uma definição mais clara para a trindade divina: Deus
revelado como o Pai, Criador ou Legislador; o Filho, como Redentor; e, depois,
o Espírito Santo, como o Santificador.
A trindade pode também ser rotulada como uma hipóstase, que
são três entidades compondo uma substância. É uma doutrina complexa e cabe aos
teólogos facilitar a compreensão de tudo isso aos leigos. Os místicos da Igreja
argumentam que o homem, como Deus, é uma
trindade. Primeiro, existe a essência espiritual da Alma, que é a qualidade
divina. Depois, o corpo físico ou material. E, por último, o mental e o
intelectual.
Nunca podemos esquecer de que a trindade está presente no
Triângulo Místico de Escolas Iniciáticas, razão da expressão universal e
conhecida de todos: a Lei do Triângulo, que significa Luz, Vida e Amor. Num
estudo da trindade ou trindades religiosas, este princípio tem uma forma
abstrata. Na tríade egípcia, os personagens são mitos religiosos, assim como
são simbólicos os deuses da mitologia grega e de outros povos. Mas é preciso
admitir que, cada um deles representa simbolicamente certas qualidades, virtudes
e poderes específicos.
Quando se fala em natureza trina do homem, isso não consiste
de diferentes substâncias unidas em um ser. Em vez disso, trata-se de
diferentes funções ou manifestações da Unidade, da qual o homem é constituído.
É esta a razão que leva muitos escritores cristãos do passado a pegarem a
ideia, quando afirmaram que “a trindade na natureza humana é semelhante à
natureza de Deus.”
Para concluir, não se pode omitir a Verdade neste aspecto,
para mostrar à presente geração que “Deus é Uno, e Jesus, seu Filho é uma
manifestação de Deus, o Pai. O Espírito Santo, que os teólogos declaram ser uma
Pessoa Distinta, é a Bondade Divina e a Consciência manifestada por Um. Daí,
aquela célebre afirmação do Mestre Maior: “Eu e o Pai somos Um!”
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