"Gostaria muito de poder encontrar palavras
para poder dizer do orgulho que sinto de ser mineiro. Meus pais não poderiam me
dar um presente melhor. Se existir uma outra vida, quero nascer mineiro de
novo. Mas tem uma coisa melhor que eu gosto mais do que ser mineiro: é namorar
as mineiras.
Mineira não usa perfume e cheira gostoso demais. O jeito irresistível que a mineira tem para conversar no portão, sem encarar nos olhos e mexendo com os botões da nossa camisa é que nos conquista. Essa sabedoria não se aprende em nenhuma universidade.
Joaquim da Mata, o Velho Quincas, filósofo dos cafundós de Minas, quando compara o jeito de ser de uma mineira com o de outra mulher, afirma que a "deferença" está no preparo. O "caldinho" que envolve a mineira e dá a ela este jeitinho tão gostoso foi preparado em panela de ferro num fogão à lenha.
Mineira não mente, conta lorota. Não menstrua, fica úmida. Não paquera, espia. Não fica bonita, já nasce formosa. Mineira não curte um som, ouve música. Não fala, proseia. Mineira não come estrogonofe, mas adora um picadinho de carne. Não faz crediário, compra fiado. Mineira não transa, faz amor. Não fica pelada, mostra as "vergonhas". Não erra, comete engano. Mineira não chupa cana, toma garapa na beira do engenho. Não liga pra ninguém, mas telefona pra todo mundo. Mineira não trai marido, escorrega na rua.
Mineira ama diferente. Flerta de longe, promete com o olhar e cumpre tudo o que não precisou esclarecer com palavras. Ela sabe que amor não é para discursar, é pra fazer. Ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso, com os gestos. Mineira ama com o corpo inteiro e com toda a sofreguidão da alma.
Conheci muitos tipos de brasileiras. Faceiras, trigueiras, formosas, irresistíveis, loiras, morenas, mulatas, cafuzas, todas bonitas, mas só as mineiras têm essa brejeirice, essa paciência de construir sem pressa uma teia de aconchegos e mimos e lembranças e sorrisos, que nós das Gerais tanto apreciamos.
Existem coisas que já nascem com a mulher e muitas destas coisas estão diretamente ligadas ao lugar. Mineira faz doce como ninguém neste país. Quem já provou doce de cidra ou de leite feito por mineira, sabe o que é bom. Goiabada e marmelada, nem se fala. Queijo então é até pecado comparar.
Mineira estuda menos e ensina mais porque o que há de melhor ela já nasceu sabendo. Isso se deve à simplicidade das mineiras que se embelezam com bijuterias e ofuscam o brilho de jóias raras. Mineira se veste de chita e fica bonita, porque mineira não segue, mas faz moda. Mineira não usa tênis, enfeita as alpercatas. Mineira vai à igreja, assiste missa, comunga, mas por via das dúvidas toma um passe de candomblé e joga rosas vermelhas pra Iemanjá. Assim descobre caminhos que levam à Deus. Também faz política, porque sempre sabe distinguir o certo do errado. Escondida por trás da simplicidade de toda mineira está uma guerreira pronta pra lutar pelo Brasil.
Dizem mesmo nas Gerais que é a mulher quem ensina o homem a ficar rico. Mineira não é feminista: é feminina. Pra que lutar contra os homens, se todo o poder está mesmo em suas mãos? Mulher, quando casa com homem rico, vira madame. Mineira vira esposa."
Mineira não usa perfume e cheira gostoso demais. O jeito irresistível que a mineira tem para conversar no portão, sem encarar nos olhos e mexendo com os botões da nossa camisa é que nos conquista. Essa sabedoria não se aprende em nenhuma universidade.
Joaquim da Mata, o Velho Quincas, filósofo dos cafundós de Minas, quando compara o jeito de ser de uma mineira com o de outra mulher, afirma que a "deferença" está no preparo. O "caldinho" que envolve a mineira e dá a ela este jeitinho tão gostoso foi preparado em panela de ferro num fogão à lenha.
Mineira não mente, conta lorota. Não menstrua, fica úmida. Não paquera, espia. Não fica bonita, já nasce formosa. Mineira não curte um som, ouve música. Não fala, proseia. Mineira não come estrogonofe, mas adora um picadinho de carne. Não faz crediário, compra fiado. Mineira não transa, faz amor. Não fica pelada, mostra as "vergonhas". Não erra, comete engano. Mineira não chupa cana, toma garapa na beira do engenho. Não liga pra ninguém, mas telefona pra todo mundo. Mineira não trai marido, escorrega na rua.
Mineira ama diferente. Flerta de longe, promete com o olhar e cumpre tudo o que não precisou esclarecer com palavras. Ela sabe que amor não é para discursar, é pra fazer. Ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso, com os gestos. Mineira ama com o corpo inteiro e com toda a sofreguidão da alma.
Conheci muitos tipos de brasileiras. Faceiras, trigueiras, formosas, irresistíveis, loiras, morenas, mulatas, cafuzas, todas bonitas, mas só as mineiras têm essa brejeirice, essa paciência de construir sem pressa uma teia de aconchegos e mimos e lembranças e sorrisos, que nós das Gerais tanto apreciamos.
Existem coisas que já nascem com a mulher e muitas destas coisas estão diretamente ligadas ao lugar. Mineira faz doce como ninguém neste país. Quem já provou doce de cidra ou de leite feito por mineira, sabe o que é bom. Goiabada e marmelada, nem se fala. Queijo então é até pecado comparar.
Mineira estuda menos e ensina mais porque o que há de melhor ela já nasceu sabendo. Isso se deve à simplicidade das mineiras que se embelezam com bijuterias e ofuscam o brilho de jóias raras. Mineira se veste de chita e fica bonita, porque mineira não segue, mas faz moda. Mineira não usa tênis, enfeita as alpercatas. Mineira vai à igreja, assiste missa, comunga, mas por via das dúvidas toma um passe de candomblé e joga rosas vermelhas pra Iemanjá. Assim descobre caminhos que levam à Deus. Também faz política, porque sempre sabe distinguir o certo do errado. Escondida por trás da simplicidade de toda mineira está uma guerreira pronta pra lutar pelo Brasil.
Dizem mesmo nas Gerais que é a mulher quem ensina o homem a ficar rico. Mineira não é feminista: é feminina. Pra que lutar contra os homens, se todo o poder está mesmo em suas mãos? Mulher, quando casa com homem rico, vira madame. Mineira vira esposa."
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