segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Personalidade: Zico e Zeca


Zico e Zeca
Inesquecíveis Filhos de Itajobi


Antônio Bernardo da Costa (Zico) nasceu no dia 4 de janeiro de 1931, e Domingos Paulino da Costa (Zeca) nasceu no dia  12 de setembro de 1932, ambos em Itajobi, interior do Estado de São Paulo. Filhos de Gabriel Paulino da Costa e Maria Rosa. Ao todo o casal teve 13 filhos, mas se criaram 9. São irmãos da dupla: Liu e Léu e primos de primeiro grau de Vieira e Vieirinha, pois o pai deles, Gabriel, era irmão de dona Gabriela (mãe de Vieira e Vieirinha). Família de tradicionais violeiros e cantadores, Zico e Zéca tiveram fortes influências dentro da própria família: o pai tocava viola e cantava; a mãe também cantava e tinha bons violeiros em sua família. Dona Maria Rosa tinha um tio chamado Inácio que também cantava, e que segundo “seu” Gabriel, não existia outro igual. Messias Garcia, que fez parte da "Turma Caipira Cornélio Pires" nos anos de 1929 e 1930, era primo de segundo grau de dona Maria Rosa. Zico e Zeca e os demais irmãos foram criados em sua terra natal, Itajobi, trabalhando nas lavouras de café e nas horas vagas se apresentavam nas festas das fazendas da redondeza, onde cantavam e dançavam catira. Começaram a cantar em rádio em 1948, na Rádio Novo Horizonte, no programa do Nhô Tomé, com o nome de "Irmãos Cunha". Foram bem aceitos pelos ouvintes, e começaram a se apresentar todos os finais de semana em um programa de 30 minuto.  Na época, eles ainda não tinham repertório próprio, e cantavam músicas das duplas da época, tais como Tonico e Tinoco, Zé Carreiro e Carreirinho, Serrinha e Caboclinho, Raul Torres e Florêncio, Palmeira e Luizinho, dentre outras.

No final de 1952, Zeca foi para São Paulo, onde seus primos Vieira e Vieirinha já estavam atuando nas emissoras da capital. Ali começou a cantar com Teddy Vieira, Zé Carreiro e Sulino, até que Zico também foi para São Paulo. No dia 1º de janeiro de 1953 a dupla fez estreia na Rádio Bandeirantes, no programa "Na Serra da Mantiqueira", onde cantaram três músicas com o nome de "Os Filhos de Itajobi". O programa era apresentado pelo Comendador Biguá. Serrinha ouviu "Os Filhos de Itajobi" pelo rádio, gostou muito da dupla e os incentivou a seguir em frente, inclusive os presenteou com um casal de instrumentos. Faltava um nome que pudesse marcar bem a dupla. Então o programa lançou um concurso para a escolha do nome artístico. Venceram o concurso os ouvintes José Ferro, de Novo Horizonte/SP, e Terezinha, de Ouro Fino/MG, que sugeriram o nome de "Zico e Zeca". Teddy Vieira - um verdadeiro "olheiro" de talentos para o disco - levou-os para a gravadora Colúmbia, onde em maio de 1954 gravaram seu primeiro disco de 78 rotações, com as músicas "Pracinha" (cururu de Teddy Vieira e Serrinha) e "Besta Bailarina" (moda de viola de Teddy Vieira e Capitão Barduíno), Dois meses depois lançaram o segundo disco 78 rpm, com as músicas "A Caneta e a Enxada" (toada de Teddy Vieira e Capitão Barduíno) e "Capelinha de Chico Mineiro" (toada de Teddy Vieira e Biguá). A dupla recebeu o slogan de "Os Violeiros que Trazem na Voz a Alma do Sertão". Depois de um tempo, Zico e Zeca foram contratados pela Rádio Nacional de São Paulo, onde faziam três programas semanais, revezando com Tonico e Tinoco, que se apresentavam às segundas, quartas e sextas-feiras. Zico e Zeca se apresentavam às terças, quintas e sábados. O "Marechal da Música Sertaneja", Geraldo Meirelles, abriu um programa na Rádio 9 de Julho e Zico e Zeca foram astros da rádio por muitos anos. Zico e Zeca ficaram na Rádio Nacional de São Paulo (depois Rádio Globo) por aproximadamente dez anos. Em 1973, a Rádio Record de São Paulo abriu uma famosa linha sertaneja, sendo apresentada por Sebastião Víctor, que tinha o nome de "Linha Sertaneja Classe A", onde Zico e Zeca se apresentaram por dois anos, em programas semanais. Em 1999, depois de dezessete anos sem gravar, Zico e Zeca voltam ao mundo do disco e lançam o CD "Novos Tempos", pela Gravadora Laser Records. Em 2001 lançam o CD "Cadeia da Saudade", e em 2003 gravaram pela Atração o CD "Troca Tapas". Em 2005 participaram do DVD "100% Caipira" - Vol. 01, com a música "A Melhor Laçada".

Zico e Zeca cantaram juntos profissionalmente durante 54 anos e meio. A dupla só veio a se desfazer por uma fatalidade do destino. Após uma apresentação na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, no dia 22 de abril de 2007, Zico sofreu uma queda acidental, batendo a cabeça onde fraturou o crânio. Foi internado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde passou por uma cirurgia e ficou hospitalizado por 38 dias. Seu estado de saúde foi piorando até que entrou em coma, e assim, no final da tarde de 30 de maio de 2007, calou-se para sempre a mais bela primeira voz que o Brasil já conheceu, deixando uma enorme lacuna no cenário sertanejo. Zico foi sepultado em sua terra natal, Itajobi, no dia 31 de maio. A trajetória trilhada por esta dupla não poderia acabar. O irmão Zeca, resolveu dar continuidade a este trabalho, formando uma nova dupla com o filho do Zico, Jarbas Bernardo da Costa, também nascido em Itajobi, que devido à semelhança física e a um apelido de família adotou o nome de Zico Filho, e em 2009 lançam seu primeiro trabalho em disco pela Gravadora Allegretto, intitulado "Casinha Amarela", em homenagem ao inesquecível Zico.

 

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