Zico e Zeca
Inesquecíveis Filhos de Itajobi
Antônio Bernardo da Costa (Zico) nasceu no dia 4 de janeiro de 1931, e Domingos Paulino da Costa (Zeca) nasceu no dia 12 de setembro de 1932, ambos em Itajobi, interior do Estado de São Paulo. Filhos de Gabriel Paulino da Costa e Maria Rosa. Ao todo o casal teve 13 filhos, mas se criaram 9. São irmãos da dupla: Liu e Léu e primos de primeiro grau de Vieira e Vieirinha, pois o pai deles, Gabriel, era irmão de dona Gabriela (mãe de Vieira e Vieirinha). Família de tradicionais violeiros e cantadores, Zico e Zéca tiveram fortes influências dentro da própria família: o pai tocava viola e cantava; a mãe também cantava e tinha bons violeiros em sua família. Dona Maria Rosa tinha um tio chamado Inácio que também cantava, e que segundo “seu” Gabriel, não existia outro igual. Messias Garcia, que fez parte da "Turma Caipira Cornélio Pires" nos anos de 1929 e 1930, era primo de segundo grau de dona Maria Rosa. Zico e Zeca e os demais irmãos foram criados em sua terra natal, Itajobi, trabalhando nas lavouras de café e nas horas vagas se apresentavam nas festas das fazendas da redondeza, onde cantavam e dançavam catira. Começaram a cantar em rádio em 1948, na Rádio Novo Horizonte, no programa do Nhô Tomé, com o nome de "Irmãos Cunha". Foram bem aceitos pelos ouvintes, e começaram a se apresentar todos os finais de semana em um programa de 30 minuto. Na época, eles ainda não tinham repertório próprio, e cantavam músicas das duplas da época, tais como Tonico e Tinoco, Zé Carreiro e Carreirinho, Serrinha e Caboclinho, Raul Torres e Florêncio, Palmeira e Luizinho, dentre outras.
No final de 1952, Zeca foi para São Paulo, onde seus primos Vieira e
Vieirinha já estavam atuando nas emissoras da capital. Ali começou a cantar com
Teddy Vieira, Zé Carreiro e Sulino, até que Zico também foi para São Paulo. No
dia 1º de janeiro de 1953 a dupla fez estreia na Rádio Bandeirantes, no programa
"Na Serra da Mantiqueira", onde cantaram três músicas com o nome de
"Os Filhos de Itajobi". O programa era apresentado pelo Comendador
Biguá. Serrinha ouviu "Os Filhos de Itajobi" pelo rádio, gostou muito
da dupla e os incentivou a seguir em frente, inclusive os presenteou com um
casal de instrumentos. Faltava um nome que pudesse marcar bem a dupla. Então o
programa lançou um concurso para a escolha do nome artístico. Venceram o
concurso os ouvintes José Ferro, de Novo Horizonte/SP, e Terezinha, de Ouro
Fino/MG, que sugeriram o nome de "Zico e Zeca". Teddy Vieira - um
verdadeiro "olheiro" de talentos para o disco - levou-os para a
gravadora Colúmbia, onde em maio de 1954 gravaram seu primeiro disco de 78
rotações, com as músicas "Pracinha" (cururu de Teddy Vieira e
Serrinha) e "Besta Bailarina" (moda de viola de Teddy Vieira e
Capitão Barduíno), Dois meses depois lançaram o segundo disco 78 rpm, com as
músicas "A Caneta e a Enxada" (toada de Teddy Vieira e Capitão
Barduíno) e "Capelinha de Chico Mineiro" (toada de Teddy Vieira e
Biguá). A dupla recebeu o slogan de "Os Violeiros que Trazem na Voz a Alma
do Sertão". Depois de um tempo, Zico e Zeca foram contratados pela Rádio
Nacional de São Paulo, onde faziam três programas semanais, revezando com
Tonico e Tinoco, que se apresentavam às segundas, quartas e sextas-feiras. Zico
e Zeca se apresentavam às terças, quintas e sábados. O "Marechal da Música
Sertaneja", Geraldo Meirelles, abriu um programa na Rádio 9 de Julho e
Zico e Zeca foram astros da rádio por muitos anos. Zico e Zeca ficaram na Rádio
Nacional de São Paulo (depois Rádio Globo) por aproximadamente dez anos. Em
1973, a Rádio Record de São Paulo abriu uma famosa linha sertaneja, sendo
apresentada por Sebastião Víctor, que tinha o nome de "Linha Sertaneja
Classe A", onde Zico e Zeca se apresentaram por dois anos, em programas
semanais. Em 1999, depois de dezessete anos sem gravar, Zico e Zeca voltam ao
mundo do disco e lançam o CD "Novos Tempos", pela Gravadora Laser
Records. Em 2001 lançam o CD "Cadeia da Saudade", e em 2003 gravaram
pela Atração o CD "Troca Tapas". Em 2005 participaram do DVD
"100% Caipira" - Vol. 01, com a música "A Melhor Laçada".
Zico e Zeca cantaram juntos profissionalmente durante 54 anos e meio. A
dupla só veio a se desfazer por uma fatalidade do destino. Após uma
apresentação na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, no dia 22 de abril de
2007, Zico sofreu uma queda acidental, batendo a cabeça onde fraturou o crânio.
Foi internado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde passou por uma
cirurgia e ficou hospitalizado por 38 dias. Seu estado de saúde foi piorando
até que entrou em coma, e assim, no final da tarde de 30 de maio de 2007,
calou-se para sempre a mais bela primeira voz que o Brasil já conheceu, deixando
uma enorme lacuna no cenário sertanejo. Zico foi sepultado em sua terra natal,
Itajobi, no dia 31 de maio. A trajetória trilhada por esta dupla não poderia
acabar. O irmão Zeca, resolveu dar continuidade a este trabalho, formando uma
nova dupla com o filho do Zico, Jarbas Bernardo da Costa, também nascido em
Itajobi, que devido à semelhança física e a um apelido de família adotou o nome
de Zico Filho, e em 2009 lançam seu primeiro trabalho em disco pela Gravadora
Allegretto, intitulado "Casinha Amarela", em homenagem ao inesquecível
Zico.
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