domingo, 1 de setembro de 2013

Artigo: Contradições Bíblicas - A/01350

As Aparentes Contradições Bíblicas

A cura do cego Bartimeu está registrada nos três evangelhos sinóticos, porém, existem nuances diferentes noutros registros. Mateus fala de dois cegos e não apenas de um (Mt 20.30). Lucas fala que Jesus estava entrando em Jericó (Lc 18.35-43) e não saindo de Jericó como nos informa Marcos (10.46).

Como entender essas aparentes contradições no texto bíblico? Em primeiro lugar, nem Marcos nem Lucas afirmam que havia apenas um cego. Eles destacam Bartimeu, talvez, por ser o mais conhecido e aquele que se destacava em seu clamor. William Hendriksen diz que não há nenhuma contradição nos relatos, porque nem Marcos nem Lucas nos contam que Jesus restaurou a visão somente de um cego. Entretanto, não sabemos porque Marcos escreveu a respeito de Bartimeu e não disse nada em relação ao outro cego. Em segundo lugar, haviam duas cidades de Jericó. No primeiro século haviam duas Jericó: a velha Jericó, quase toda em ruínas; e a nova Jericó, cidade bonita, construída por Herodes, logo ao sul da cidade velha. A cidade antiga estava em ruínas, mas Herodes, o grande havia levantado essa nova Jericó, onde ficava seu palácio de inverno, uma bela cidade, ornada de palmeiras, jardins floridos, teatro, anfiteatro, residências e piscinas para banhos. Aparentemente, o milagre aconteceu na divisa entre a cidade nova e a velha, enquanto Jesus saía de uma e entrava na outra.

A Última Oportunidade

A cidade de Jericó além de ser um posto de fronteira com alfândega (Lc 19.2), também era a última oportunidade de abastecimento de provisões e local de reuniões, em que grupos pequenos se organizavam para a viagem em conjunto. Desta forma, protegidos contra os salteadores de estrada (Lc 10.30), os peregrinos partiam deste último oásis no Vale do Jordão para o último trecho de uns vinte e cinco quilômetros, uma subida íngreme de perto de mil metros, através do deserto acidentado da Judeia até a cidade do templo.

Descrita no Velho Testamento como a "Cidade das Palmeiras", abundantes campos ao seu redor, Jericó tem sido um sítio atrativo para habitação humana por milhares de anos. Ela é conhecida na Tradição Judaico-Cristã como o lugar do retorno dos israelitas da escravidão no Egito, liderados por Josué, o sucessor de Moisés. Arqueólogos têm escavado os remanescentes dos últimos 20 sucessivos assentamentos em Jericó, sendo que o primeiro data de antes de 11.000 anos atrás (9.000 a.C). É considerada ainda a cidade mais antiga existente no mundo, com mais de 10.000 anos de fundação.
 
Provavelmente, dali Jesus estava indo para Jerusalém. Ele marchava resolutamente para o calvário. Era a festa da páscoa. Naquela mesma semana Jesus seria preso, julgado, condenado e pregado na cruz. Era a última vez que Jesus passaria por Jericó. Aquela era a última oportunidade de Bartimeu. Se ele não buscasse a Jesus, ficaria para sempre cativo de sua cegueira. A oportunidade tem asas, se não a agarrarmos quando ela passa por nós, podemos perdê-la para sempre. Nunca vamos saber se a oportunidade que estamos tendo agora será a última da nossa vida.

A Grande Multidão

Por que a numerosa multidão está seguindo Jesus de Jericó rumo a Jerusalém? Aquele era o tempo da Festa da Páscoa, a mais importante Festa Judaica. A Lei estabelecia que todo varão maior de doze anos que vivesse dentro de um raio de vinte e cinco quilômetros estava obrigado a assistir a Festa da Páscoa. Obviamente nem todos podiam fazer essa viagem. Esses, então, ficavam à beira do caminho desejando boa viagem aos peregrinos. Por essa razão, Jericó,  que ficava a vinte e cinco quilômetros de Jerusalém  tinha suas ruas apinhadas de gente. Além do mais, o Templo tinha cerca de vinte mil sacerdotes e levitas distribuídos em vinte e seis turnos. Certamente muitas pessoas deviam estar acompanhando atentamente a Jesus de Nazaré.

 

 

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