domingo, 4 de outubro de 2015

Artigo: Amor Terceirizado - A/01699

Amor Terceirizado


Com a finalidade de despertar a atenção dos pais e familiares para o que vem ocorrendo ao longo dos últimos anos na sociedade, é preciso falar um pouco sobre educação. No Brasil, a educação está perdendo o seu significado real. Pior ainda, vem sendo “terceirizada” pelos pais e familiares, que deixam seus filhos nas instituições de ensino, como Cei, Cmei e escolas, sejam elas públicas ou privadas, transferindo para estas instituições de ensino e seus profissionais a tarefa de educar as crianças, o que não é de sua responsabilidade.

Às instituições de ensino, cabe tão-somente a alfabetização e educação continuada, ou seja “preparar a criança para a convivência em sociedade, preparando-a para o mercado de trabalho”. Consultando o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), é possível observar que “toda criança ou adolescente tem o direito à criação e educação no seio da própria família”. Cabe aos pais o dever do sustento, guarda e educação dos filhos menores, cujos cuidados não vem ocorrendo na maioria das famílias, o que causa constante preocupação em todos nós.

A desculpa dos pais é a falta de tempo para educar seus filhos, devido à sobrecarga de tarefas com o emprego e outros compromissos que assumem fora de casa, para manter o sustento da família. Isso é verdade, mas ouvindo os profissionais de educação nas referidas instituições de ensino, estes são enfáticos quando afirmam que “Os educandos possuem roupas e calçados de marca, além de brinquedos e aparelhos de valores relevantes.” Esta é a observação que fazem os educadores no dia a dia, contrariando a realidade das condições na maioria dos pais, com as despesas mensais forçadas com aluguel, alimentação, luz, água e outras coisas.

Durante os eventos especiais, como por exemplo o Natal, o desdobramento da família, fica ainda maior, com a demanda social, os presentes caros e tantos sacrifícios despendidos para dar alegria aos filhos. Esquecem-se, às vezes, da bela expressão “Eu te amo”, do abraço cordial, do gostoso afago, do sorriso sincero e do olhar carinhoso, cujos atos poderiam agradar muito mais, se exercido com amor e palavra franca. Quem sabe, seja isso que os filhos gostariam de ouvir em momentos tão especiais em suas vidas. Os pais nem sempre percebem que se dedicassem aos filhos pelo menos uns quinze minutos do tempo em que gastam assistindo à TV e a outras formas de entretenimento, estariam demonstrando a eles um pouco mais de amor, o suficiente para modificar o comportamento de muitos.

Se os pais pudessem ouvir os filhos com um pouco de atenção, interessando-se por suas ações diárias e outros afazeres, não teriam filhos um tanto irritados, como tem sido aqui, ali e acolá. Existem crianças com características negativas quem mentem, agridem e são extremamente individualistas. O número delas cresce todos os dias, ficando os pais e professores reféns da má conduta destas crianças e adolescentes.

No momento em que os pais tomarem consciência da realidade desse quadro, não mais vão carregar o fardo da culpa pela falta de tempo e dedicação no convívio com os filhos, mas adotarão medidas práticas para orientar melhor esta nova geração, encaminhando-a no caminho em que deve trilhar. A partir daí, o mundo será melhor e menos estressante, com crianças saudáveis, educadas e com um futuro mais garantido.


É necessário afirmar que a família é a base de tudo. Se a criança tem uma família emocionalmente estruturada, não sentirá falta da roupa da moda e das coisas que viu na TV, e assim, se tornará um adulto consciente de seu papel na sociedade, sabendo discernir entre o que é certo e o que é errado. Com a educação ideal, a criança terá noção de valores bem definidos. O Ter e o Ser devem estar muito presentes na vida dessas crianças, para que a frustração não as leve por veredas incertas. Em tese, é isso que deve nortear as novas famílias, acreditando sempre num futuro promissor para seus filhos. 

(Texto da pedagoga Eni da Silva, com adaptação para o Jornal Tribuna do Povo e Redes Sociais).

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