domingo, 8 de março de 2009

Dia da Mulher - 5

A Mulher no Antigo Egito
Ao contrário de muitas nações contemporâneas, o Egito não via suas mulheres como cidadãs de segunda classe, inferiores, propriedade de pais ou maridos ou como meros objetos. Na sociedade egípcia a mulher possuía um status que só foi recuperado muito recentemente na História, sendo tratadas com respeito e igualdade em relação aos homens. Muitas mulheres eram as Senhoras do Lar mas outras chegavam aos postos de governantas da Casa Real (posto de extrema honra), tesoureiras ou médicas. A primeira grande mulher registrada pela História foi Hatshepsut, a primeira mulher a governar um império com o titulo de Faraó do Egito. Elas eram normalmente afastadas das tarefas governamentais mas isto devia-se não ao sexo mas ao fato de que apenas os habilitados � escrita poderem assumir tais tarefas, o que automaticamente afastava a maioria da população.
Normalmente o status de uma mulher egípcia dependia do status de sua família mas isto não retirava dela seus direitos individuais. Elas podiam manter propriedades individuais e atuar em profissões que lhes garantissem independência econômica do restante de sua família e mesmo de seus maridos. Recebiam por herança um terço dos bens adquiridos após seu casamento e podiam deixar suas heranças a quem lhes bem aprouvesse. Frente a lei eram tratadas de igual para igual com qualquer homem, podendo atuar como testemunhas, acusadoras ou defensoras. Respondiam por seus próprios atos e se fossem condenadas estariam sujeitas �s mesmas penalidades que os homens.
Infelizmente a maior parte das informações disponíveis sobre a vida das mulheres do Antigo Egito refere-se �s da nobreza ou �s ricas, pouco sabendo-se sobre o dia-a-dia das mulheres das classes inferiores. Porém, por comparação com os tempos modernos, pode-se imaginar que pouca semelhança havia entre a vida de uma mulher rica e uma pobre. As pobres tomavam conta de suas famílias e trabalhavam para garantir seu sustento. Em casa, dividiam as tarefas domésticas com outras mulheres da família. É importante notar que o conceito de família entre os antigos egípcios estendia-se para mães, filhas, avós, irmãs, tias e etc., todas vivendo juntas ou próximas entre si. Túmulos de mulheres mostram-nas e vários segmentos profissionais tais como artistas, serventes, cervejeiras, padeiras, carpideiras, sacerdotisas e rainhas.
Os homens viúvos eram normalmente representados como obesos e velhos enquanto as viúvas eram sempre representadas em plena juventude e as partes relativas �s concepção eram sempre enfatizadas. Esta forma de retratar a mulher deixava de lado mesmo as diferenças de idade; mesmo as idosas eram representadas como jovens e belas. É por isto que nos murais das tumbas todas as mulheres, mães, filhas, esposas, aparentam ter a mesma idade. Este costume está ligado � crença de que no pós-vida as mulheres teriam sua juventude restaurada, mantendo-se eternamente jovens e belas. Este hábito está também ligado ao decréscimo da capacidade de gerar filhos que a idade traz. Assim as mulheres eram sempre representadas em idade fértil, em respeito a esta capacidade. Da mesma forma, a obstetrícia era considerado uma profissão tipicamente feminina. Documentos egípcios referem-se a testes para descobrir se uma mulher era ou não fértil. Muitos outros atestam a importância da boa higiene para a saúde feminina. Outros ainda tratam da concepção, abortos, nascimento e lactação.
Casais costumam ser representados com o braço da mulher em volta de seu esposo ou representam ambos abraçando-se. Os maridos costumam ser representados � frente das esposas, como uma forma de demonstrar sua importância. O casamento era considerado um acontecimento normal na vida de todos, sendo incomum que alguém se mantivesse solteiro por toda a vida. A maior parte dos casamentos (inclusive dentro da família real) eram, aparentemente, monogâmicos. Não parecia haver nenhum tipo de cerimônia civil ou religiosa que marcasse a união de um casal, eles apenas passavam a viver juntos como marido e mulher. O divórcio era considerado um fim aceitável para qualquer casamento, sendo outros motivos válidos a infertilidade de um dos parceiros, ou o adultério feminino. O homem deixava suas posses para os filhos, o que tornava importante o conhecimento da paternidade biológica. Aparentemente o adultério masculino era aceito pela sociedade egípcia mas não sem restrições; era preferível que o marido fosse fiel � esposa.
O sacerdócio era uma ocupação tipicamente masculina mas várias mulheres da elite atuaram como sacerdotisas da deusa Hator e algumas outras atuaram como sacerdotisas de outras divindades. Uma mulher da família real podia assumir o título de "Esposa do Deus Amon", normalmente uma irmã ou filha solteira do Faraó. As mulheres mantinham títulos dentro dos templos como os de cantora, musicista ou dançarina de uma determinada divindade. Carpideiras são comuns nas pinturas murais dos túmulos, seguindo os féretros, chorando, puxando seus cabelos e lamentando o falecimento. Duas mulheres da família do falecido eram designadas para assumirem os papéis das deusas Ísis e Nephtys, lamentando pelo falecido Osíris. Enterros de mulheres são menos conhecidos mas pareciam seguir a mesma linha dos masculinos.
As mulheres da realiza egípcia não eram conhecidas como "rainhas", sendo tal palavra inexistente neste idioma. Suas acompanhantes recebiam o título de "Ornamento Real", uma ama seca ou ama de leite podia ter o título de "Ama de fulano" ou "Ama-de-Leite de Beltrano". A esposa do Faraó era conhecida como "Grande Esposa", "Esposa do Deus" ou "Grande Consorte Real" e suas filhas eram consideradas princesas. As mulheres não herdavam o trono de seus pais, o qual costumava ser passado ao filho mais velho que se casaria com a mais velha de suas irmãs. Em alguns casos a esposa do falecido Faraó atuava como Regente até que o filho mais velho alcançasse a idade de governar. Para atuar realmente como Faraó, a Regente deveria adotar todos os títulos e nomes desta posição e isto não ocorreu até a Faraó Maatkare Hatshepsut. As mulheres da família real costumavam casar-se com seus irmãos e, em alguns casos, com seu pai, para menter o trono na família. Elas jamais casavam-se com reis ou príncipes estrangeiros (o bíblico Rei Salomão é a única exceção). Princesas estrangeiras eram aceitas como noivas do Faraó mas eram consideradas esposas menores (ou secundárias). Outras mulheres de sangue nobre podiam tornar-se concubinas do Faraó. Estas esposas secundárias e concubinas tornavam-se importantes quando a "Grande Esposa" não gerava filhos que pudessem herdar o trono.
Tanto os homens quanto as mulheres do Antigo Egito davam grande valor � aparência física. Bons hábitos de higene e cuidados com a aparência ocupavam boa parte de suas vidas e refletiam o "berço" de alguém. Mesmo pelos padrões atuais as mulheres egípcias eram conhecidas por sua beleza. As pinturas tumulares refletem o cuidado com a moda: perucas, maquilagem e vestuário. Os cosméticos não eram considerados supérfluos mas uma necessidade do dia-a-dia e muitos exemplos de maquilagens, perfumaria e ítens de toilette foram encontrados nos túmulos. Muitas mulheres eram retratadas olhando-se em espelhos durante banquetes ou festas. Estes eram considerados indicativos de riqueza e eram colocados nas tumbas após a morte de suas donas para uso no pós-vida. Um corpo cabeludo não era considerado desejável tanto para homens quanto para mulheres e tanto o barbear-se quanto a depilação eram cuidados freqüentes. As mulheres mantinham seus cabelos curtos, muitas vezes raspando as cabeças. Perucas elaboradas adornavam as cabeças das mulheres ricas. Havia também o hábito de banhar-se, apesar de os antigos egípcios não conhecerem o sabão, substituindo-o por uma solução sódica. A hena era utilizada para escurecer o cabelo, tingir as unhas e pintar o corpo. Damas abastadas possuíam servas que lhes auxiliavam com os cuidados diários. A nudez não era considerada um tabu e tanto homens quanto mulheres eram retratados nús, sendo que a nudez parcial revelava nas pinturas o status social. Um exemplo disto são as dançarinas, sempre retratadas nuas enquanto os convivas encontram-se trajados com roupas da moda e o anfitrião é sempre retratado todo vestido.

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