domingo, 24 de fevereiro de 2013

Artigo: Os Limites da Liberdade - A/01295

Os Limites da Liberdade


Liberdade nunca foi sinônimo de libertinagem, como alguns podem imaginar. Liberdade é muito mais que isso, é andar de cabeça erguida, mas também ter um padrão aceitável da moral e da decência. A liberdade do ser humano deve ir somente até onde ela não o leve ao erro, à desordem e à indecência. Liberdade não significa o “vale tudo”, onde a porta é larga e a pessoa começa agir como se não tivesse nenhuma responsabilidade.
Pode-se enquadrar a liberdade como algo inerente ao homem, afinal, quando alguém infringe as regras impostas pela sociedade moderna, a principal forma de punição é o cercear da liberdade de convivência do homem em conjunto, ou seja, a sociedade trata a liberdade como o bem mais precioso do homem, pois sua falta o impede de viver plenamente. Deve haver, portanto, um limite entre o escasso e o exacerbado. A liberdade deve ser tratada de forma a nunca ser confundida com a libertinagem, pois ambos envolvem conceitos diferentes e que geram consequências distintas para essa estranha e fascinante máquina social.

Como tudo no mundo precisa de um limite entre o escasso e o exacerbado, com a liberdade não seria diferente. Um fato intrigante é que o conceito de liberdade é confundido com o de libertinagem e isso não deve ocorrer. O primeiro deve ser direito de todos, porém considerando suas consequências na sociedade, o segundo é um ato de rebeldia; de vandalismo e não deve ser intrínseco ao homem.
Liberdade sem felicidade, não existe; porque ser livre é o que nos torna mais plenos. A verdadeira liberdade tem tudo a ver com o limite dela própria, pois acaba a partir do momento que a sua concepção de liberdade não esteja proporcionando a paz e a felicidade ao ser humano buscador.

Sociológicamente, os humanos estão limitados em suas ações em tudo que invada a liberdade de seu semelhante. Moralmente, deve-se resguardar o bem estar alheio e daí surge a grande muralha de censura e de oposição. Os seres humanos não são constutuídos apenas de matéria física. Existe a face espiritual e psicológica, onde não há limites, nem invasões de campos exteriores. Na mente só existem as censuras pseudomorais, as amarras de mentes limitadas e atormentadas por falsos desígnios e verdades impostas. Quando o indivíduo alcança a sua liberdade psicológica plena, ele se liberta da necessidade de liberdade material. Respeitar as necessidades das outras pessoas deixa de ser uma tarefa para ser um hábito natural, pois o indivíduo se encontra como ente autônomo e feliz.
António Pinela informa: “A autêntica liberdade, aquela que cada um vive, começa no momento em que somos capazes de entender que a minha liberdade pode e deve coexistir com a liberdade do outro. Convém não esquecer nunca que nós só somos porque existe o outro, os outros. Sem o outro o eu não existe, é um fantasma navegante, que ainda não é ser, mas está ignorantemente convencido que o é. A liberdade absoluta, do quero, posso e mando, só existe em espíritos míticos, na mente daqueles que se julgam seres superiores, cujo destino lhes terá sido traçado por um Deus maior.”

Para concluir, pode-se afirmar que “a liberdade não é um objeto que nós podemos apropriar de uma vez para sempre." A liberdade humana não é, de forma alguma, uma verdade eterna, nem uma posse intemporal, é pelo contrário uma verdade temporal, uma conquista sempre nova, que cada homem persegue sem nunca ter a certeza de ter atingido a sua plenitude. Isso quer dizer simplesmente que os atos dos homens de boa fé têm como último significado a procura da liberdade enquanto tal. E ao querermos a liberdade, descobrimos que ela depende inteiramente da liberdade dos outros, e que a liberdade dos outros depende da nossa.


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