Liberdade nunca foi
sinônimo de libertinagem, como alguns podem imaginar. Liberdade é muito mais que
isso, é andar de cabeça erguida, mas também ter um padrão aceitável da moral e
da decência. A liberdade do ser humano deve ir somente até onde ela não o leve
ao erro, à desordem e à indecência. Liberdade não significa o “vale tudo”, onde a
porta é larga e a pessoa começa agir como se não tivesse nenhuma responsabilidade.
Pode-se enquadrar a liberdade como algo inerente ao homem, afinal, quando
alguém infringe as regras impostas pela sociedade moderna, a principal forma de
punição é o cercear da liberdade de convivência do homem em conjunto, ou seja,
a sociedade trata a liberdade como o bem mais precioso do homem, pois sua falta
o impede de viver plenamente. Deve haver, portanto, um limite entre o escasso e
o exacerbado. A liberdade deve ser tratada de forma a nunca ser confundida com
a libertinagem, pois ambos envolvem conceitos diferentes e que geram
consequências distintas para essa estranha e fascinante máquina social.
Como tudo no mundo precisa de um limite entre o escasso e o exacerbado,
com a liberdade não seria diferente. Um fato intrigante é que o conceito de
liberdade é confundido com o de libertinagem e isso não deve ocorrer. O
primeiro deve ser direito de todos, porém considerando suas consequências na
sociedade, o segundo é um ato de rebeldia; de vandalismo e não deve ser
intrínseco ao homem.
Liberdade sem felicidade, não existe; porque ser livre é
o que nos torna mais plenos. A
verdadeira liberdade tem tudo a ver com o limite dela própria, pois acaba a partir
do momento que a sua concepção de liberdade não esteja proporcionando a paz e a
felicidade ao ser humano buscador.
Sociológicamente, os humanos estão limitados em suas
ações em tudo que invada a liberdade de seu semelhante. Moralmente, deve-se
resguardar o bem estar alheio e daí surge a grande muralha de censura e de oposição.
Os seres humanos não são constutuídos apenas de matéria física. Existe a face
espiritual e psicológica, onde não há limites, nem invasões de campos
exteriores. Na mente só existem as censuras pseudomorais, as amarras de mentes
limitadas e atormentadas por falsos desígnios e verdades impostas. Quando o
indivíduo alcança a sua liberdade psicológica plena, ele se liberta da
necessidade de liberdade material. Respeitar as necessidades das outras pessoas
deixa de ser uma tarefa para ser um hábito natural, pois o indivíduo se
encontra como ente autônomo e feliz.
António Pinela informa: “A autêntica liberdade, aquela
que cada um vive, começa no momento em que somos capazes de entender que a minha
liberdade pode e deve coexistir com a liberdade do outro. Convém não
esquecer nunca que nós só somos porque existe o outro, os outros. Sem o outro o
eu não existe, é um fantasma navegante, que ainda não é ser, mas está
ignorantemente convencido que o é. A liberdade absoluta, do quero, posso e
mando, só existe em espíritos míticos, na mente daqueles que se julgam seres
superiores, cujo destino lhes terá sido traçado por um Deus maior.”
Para concluir, pode-se afirmar que “a liberdade não é um
objeto que nós podemos apropriar de uma vez para sempre." A liberdade humana não
é, de forma alguma, uma verdade eterna, nem uma posse intemporal, é pelo
contrário uma verdade temporal, uma conquista sempre nova, que cada homem
persegue sem nunca ter a certeza de ter atingido a sua plenitude. Isso quer
dizer simplesmente que os atos dos homens de boa fé têm como último significado
a procura da liberdade enquanto tal. E ao querermos a liberdade, descobrimos
que ela depende inteiramente da liberdade dos outros, e que a liberdade dos
outros depende da nossa.
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