O Papa Bento XVI, por razões
de saúde e de idade, decidiu renunciar ao Papado, tendo em vista sentir-se sem
saúde necessária para cumprir sua árdua missão, que exige intenso trabalho
diário, muitas viagens, audiências, discursos, etc. Em sua renúncia ele disse
com toda clareza e sinceridade:
“Após ter examinado perante
Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade
avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino.
Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser
realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau
sofrendo e rezando. No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas
transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para
conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o
vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu
em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o
ministério que me foi encomendado”.
Fica claro que o Papa rezou
muito e meditou bastante antes de tomar a decisão com a consciência tranquila.
Foi um ato de humildade diante do seu estado físico e de coragem diante da
História da Igreja, sem medo de que seu gesto desgoverne a Barca de Pedro. É um
gesto que demonstra a fé de que a Igreja é dirigida por Deus e não pelos
homens. É emocionante Bento XVI aceitar diante de si mesmo, da Igreja e do
mundo sua “incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado”.
Toda a Igreja Católica, e
também os não católicos, são testemunhas da grandeza deste homem que deu sua
vida pela Igreja, e que a continuará servindo de outra forma. Antes de tudo o
nosso agradecimento a Deus por tão grande dádiva para a Igreja. Durante 25 anos
ele foi Prefeito da Congregação da Fé da Santa Sé, auxiliar fiel e dedicado ao
Papa João Paulo II. Deus seja louvado por Bento XVI!
Desde já rezemos para que o
novo papa a ser eleito pelos cardeais seja aquele cujo nome já está no coração
do Bom Pastor e Cabeça da Igreja. Aproveitemos o tempo de Quaresma para
intensificar as preces e sacrifícios oferecidos a Deus para que os cardeais
eleitores sejam iluminados de modo a escolher rapidamente o nosso novo Pastor
Universal.
A renúncia do Papa é algo
legal, prevista no Código de Direito Canônico da Igreja, que diz no Cânon 187 –
“Qualquer um, cônscio de si, pode renunciar a um ofício eclesiástico por justa
causa”. O pedido de renúncia deve ser feito à autoridade superior; mas, como na
Igreja não há autoridade superior ao Papa, seu pedido de renúncia é suficiente
para consumar sua decisão.
Em uma entrevista dada ao jornalista
alemão Peter Seewald, no livro A LUZ DO MUNDO, EM 2010, Bento XVI declarou que
“é possível renunciar quando não é mais possível continuar”, quando o papa não
está mais em condições físicas adequadas. Nesses casos, chega a ser cogitada
inclusive a “obrigação moral” de se apresentar a renúncia. Portanto, sua
renúncia é um gesto de coerência e a certeza de que quem governa a Igreja é
Jesus Cristo e que o Espírito Santo é quem guia e assiste o Papa legalmente
eleito, seja ele quem for. É uma decisão corajosa, lúcida e coerente do
“humilde servo da vinha do Senhor”, Papa Bento XVI, como ele se apresentou no
dia de sua eleição.
Na história da Igreja três
papas já renunciaram. Ponciano (230-235), porque foi exilado para a Sicília,
juntamente com o antipapa Hipólito, pelo Imperador romano Magno, onde ambos
morreram mártires. Durante o exílio, o Papa Ponciano renunciou em 28 de
setembro de 235, para que a Igreja pudesse eleger seu sucessor.
O Papa Celestino V (1294), que
foi monge beneditino e eremita, pouco preparado para governar a Igreja,
renunciou em idade avançada, mais de oitenta anos e faleceu em um mosteiro.
Gregório XII (1405-1415), em
1415 renunciou com mais de oitenta anos para que a Igreja chegasse ao fim do
chamado “Cisma do Ocidente”, um triste período de 40 anos quando a Igreja
teve um Papa legítimo em Roma (Gregório XII), e dois antipapas, um em Avignon
(Bento XIII) na França e outro em Bolonha (João XXIII) na Itália.
O Concílio de Constança
(1414-1418), com a renúncia de Gregório XII, depôs os dois antipapas e elegeu
Martinho V em 1417;e a Igreja voltou a ter só um Papa.
Segundo uma informação do
porta-voz do Vaticano, o Papa Bento XVI vai residir em um mosteiro no Vaticano.
Poderá ser, quem sabe, um grande colaborador do novo Papa, com sua sabedoria,
conhecimentos e santidade.
Enquanto não se eleger um
Papa, após o afastamento de Bento XVI, o cardeal chamado de Carmelengo passa a
governar o Estado do Vaticano, e o Colégio dos Cardeais governa a Igreja
Assim, a Igreja vai continuar
sua caminhada e missão na terra, levando o Evangelho a todas as nações. Teremos
um novo Conclave, a eleição de um novo Papa, como dizia Santa Catarina de Sena,
o “Doce Cristo na Terra”. Certamente ele virá ao Brasil para a Jornada
Mundial da Juventude; talvez o nosso país seja o primeiro a receber o novo
Papa.
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