Em visita à nossa admirável Mundo Novo
os cidadãos italianos
MARCO INTRALIGI e seu filho
ANDREA FRANCESCO
INTRALIGI foram muito bem recebidos
por amigos e autoridades.
E o que de extraordinário, perguntariam
os leitores, existe na visita
de estrangeiros à nossa cidade?
Ocorre que não se tratam eles de um visitante qualquer. De fato, ANDREA nasceu ROBERTO ALEXANDRE e é filho desta terra, nascido em Mundo Novo aos 16 de outubro de 1993. Completará, portanto, vinte anos em outubro próximo esse jovem que, após o seu nascimento passou a morar em Roma, na Itália, em companhia de seus pais adotivos MARCO e SÍLVIA, os quais, após o bem sucedido processo de adoção aqui ocorrido, acabaram por adotar outra criança, do sexo feminino e africana, mais precisamente nativa da Nigéria.
Já há alguns anos vinham os INTRALIGI pensando nesse retorno a Mundo Novo, que era um desejo de todos, mas, especialmente, um anseio do jovem ANDREA em conhecer o seu lugar de origem. Tudo o que ele sabia daqui vinha do conhecimento dos pais e também através dos contatos feitos por estes com uma família mundonovense, a Lucca de Andrade, cujo casal é bastante conhecido de todos, tratando-se da ROSÁRIA e do TALMOR, em cuja casa, aliás, os visitantes ficaram hospedados.
A partir do último dia 25 de julho, aproveitando-se da JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE católica que foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, eles decidiram, finalmente, vir ao Brasil e, após o término daquele evento, rumaram para cá.
Desejosos de tornar pública a importância de que se revestiu, para eles a ADOÇÃO INTERNACIONAL de que foram protagonistas, sugeriram à ROSÁRIA uma audiência com o Judiciário local, destinado a testemunhar sua experiência.
O pedido deles foi imediatamente aceito pelo Meritíssimo Doutor Juiz de Direito da Comarca, Dr. EDUARDO FLORIANO DE ALMEIDA e, de igual modo, festejado pelo ilustre representante do Ministério Público, Dr. EDUARDO FONTICIELHA DE ROSE. Para completar o tripé constitucionalmente previsto foi, também, convidado à entrevista, o Dr. JAIR DE ALENCAR, advogado, aliás, que fora o procurador a funcionar naquele processo.
Assim foi que, na manhã da última quarta-feira, quando o calendário marcava 7 de agosto de 2013, aconteceu a reunião histórica no interior do Fórum, mais precisamente no Plenário dessa Côrte, entre autoridades e pessoas envolvidas, numa atmosfera emocional, produzida tanto pela rica e apaixonada narrativa dos visitantes, quanto pelos apartes e indagações proporcionados pelas autoridades e por este jornalista.
Falando um português aceitável – às vezes, traduzido pelo Dr. De Rose, que também é detentor de cidadania italiana – os visitantes lembraram da verdadeira saga, de que se constituía o processo de Adoção Internacional, para todos os envolvidos nele, naqueles idos anos da década de 1990.
É importante registrar aqui, que os casais estrangeiros que vieram à nossa cidade, em busca da realização de um sonho, qual fosse a adoção de uma criança – já que eram, quase sem exceção, portadores de impedimento biológico para a concepção – agiam com um altruísmo sem paralelo em nosso País. Explica-se: Enquanto os casais brasileiros que se candidatavam à adoção faziam uma lista de exigências em relação à criança a ser adotada – como, por exemplo, a escolha do sexo, da cor do cabelo e dos olhos (preferencialmente claros), de tenra idade (nunca superior a um ano) e sem qualquer defeito físico ou neurológico – os estrangeiros não faziam quaisquer exigências.
O advogado JAIR DE ALENCAR lembrou-se de mencionar o caso de um desses casais – de alemães – que fizera adoção de uma criança na vizinha Comarca de Eldorado, criança essa que, além de ser fruto de incesto (gravidez da filha pelo próprio pai, linchado na cadeia quando se viu preso), era afrodescendente e portador de moléstia incurável nos olhos, o que o levou à cegueira completa aos quatorze anos de idade.
No curso do encontro, que teve duração de mais de hora e meia, eles lembraram que tanto a adoção que fizeram, quanto as demais feitas por cidadãos italianos (em número de quinze), somente tinha sido possível porque fora feita através de uma Instituição Religiosa Católica que, no Brasil, era representada pela irmã LEDA, moradora em um Convento no Rio Grande do Sul, a qual, por sua vez, contatara o advogado JAIR DE ALENCAR para representa-los.
Esta freira estivera com eles, em Roma, em duas oportunidades, ocasião em que todos os casais que haviam feito adoção em nossa cidade ali compareceram, acompanhados dos respectivos filhos, transformando-se o evento em uma verdadeira “festa”, muito interessante para a perfeita integração de todos, uns com os outros, o que era o desejo da Instituição.
Perguntado ao pai, pelo advogado JAIR DE ALENCAR, se o Processo de Adoção lhe trouxera algum dissabor digno de nota, MARCO respondeu que guardava as melhores lembranças daquele tempo, mas, tinha uma ponta de curiosidade a ser satisfeita. Esclareceu que, por força da legislação brasileira de então, eles haviam ficado na cidade por sessenta dias, hospedados no então Hotel Marajoara e que esses custos, somados àqueles que já haviam despendido na Itália, para a formação do Dossiê enviado à Instituição Religiosa, tinham sido maiores do que eles haviam previsto, tanto que, para voltarem, tiveram que tomar um empréstimo de U$500 (quinhentos dólares) junto ao mesmo advogado.
Informaram ainda que, durante aqueles sessenta dias foram amistosamente interpelados por várias pessoas, em seus passeios diários com a criança, os quais perguntavam de tudo. E terminaram fazendo uma verdadeira amizade com o casal ROSÁRIA/TALMOR bem como com o advogado JAIR e sua esposa Iara.
Sua curiosidade consistia em saber porque havia tanta cautela demonstrada pelas autoridades que funcionaram no processo – Juiz, Promotor, Advogado, Assistente Social, Psicólogo – se as pessoas pareciam reagir tão bem à iniciativa deles?
A resposta foi proporcionada pelo próprio advogado que lhe esclareceu que, algumas pessoas, evidentemente leigas e mal informadas, faziam confusão entre o Instituto jurídico da Adoção Internacional, com a execrável prática do tráfico de crianças, com o que o MARCO se deu por satisfeito.
À propósito da feliz iniciativa do advogado Jair de Alencar e da Assistente Social Rosária Lucca, o Juiz Dr. Eduardo Almeida e o Promotor Público, Dr. Eduardo De Rose, demonstraram a maior alegria com palavras apropriadas para aquele momento de intensa felicidade para a Família Italiana.
Ao terminar o seu relato, que a todos deu um testemunho de verdadeiro amor filial por parte do jovem ANDREA, este aproveitou para informar que se encontrava cursando COMUNICAÇÃO SOCIAL em Universidade localizada em Roma, além de um curso de Teatro, feito como complemento daquele. Seu pai MARCO, com uma indisfarçável ponta de orgulho revelou que sua nota semestral na Universidade fora 29 de 30 pontos possíveis.
E com isso, deu-se por encerrada a reunião, não sem antes terem os visitantes informado a este relator que permaneceriam conosco em Mundo Novo até a sexta-feira (9 de agosto), na casa da ROSÁRIA, ficando à disposição de qualquer rapaz ou moça que queira estabelecer para com o ANDREA uma relação de camaradagem, prometendo, também, fazer chegar-nos às mãos as fotos que estampam esta reportagem.
De nosso lado, aguardamos uma nova visita do filho pródigo (na verdade um dileto filho) ANDREA, de preferência acompanhado por toda a família e esperamos, sinceramente, que sua estada em nosso País e especialmente em Mundo Novo, tenha sido o mais prazerosa e enriquecedora para todos.
(Jair de Alencar/Jairo de Lima Aves)
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