As Lembranças José Paulo Moreira da Fonseca
Pastoreio minhas lembranças:
triste rebanho à luz da lua.
São fantasmas esses vultos que se movem na escuridão,
esses rumores como um lamento, um socorro.
São seres mortos
e seu hálito de gelo
vai crestando a alma.
A noite é imensa,
povoada de esquecimento e de estrelas.
Quem a desejaria como sua morada?
Que coração encontra no hostil negrume
uma clemência em que repouse o seu bater incessante?
Mas elas estão em torno de mim, as lembranças,
seguem-me se caminho, restam imóveis quando repouso,
são a minha sombra, confundem-se comigo,
e o que hoje vivo
amanhã será apenas mais uma ovelha naquele cortejo perdido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário