sexta-feira, 6 de março de 2009

Evangelismo: É Tudo ou Nada

Pastor Thomas C. Simcox
Uma amostra de Israel em nossos dias

Em 1960, o apresentador evangélico Pat Boone escreveu a letra do tema musical de um filme baseado no conhecido romance da autoria de Leon Uris intitulado Exodus (Êxodo). Exodus conta epicamente a história da luta heróica do povo judeu em 1947 para que a terra de Israel se tornasse novamente o seu lar. As nove primeiras palavras do tema musical escrito por Boone já diziam tudo: “Esta terra é minha. Deus me confiou esta terra”.
Infelizmente, poucos escreveriam uma letra como essa em nossos dias. Muitas pessoas, dentre as quais um número cada vez maior de cristãos, acreditam que aquela terra não pertence legitimamente à descendência física de Abraão, através de Isaque e seus descendentes; ao contrário, eles alegam que a terra pertence aos palestinos ou até mesmo à Igreja – mas em hipótese nenhuma aos judeus.
Na verdade, 154 mestres e expositores da Bíblia, entre os quais se incluem R. C. Sproul e Bruce Waltke, assinaram um manifesto público, veiculado no site do Knox Theological Seminary, declarando que o povo judeu não tem nenhum direito especial à posse de qualquer território no Oriente Médio:
O direito de qualquer grupo étnico ou religioso à posse do território que se denomina “Terra Santa”, situado no Oriente Médio, não pode ser defendido com base nas Escrituras. Na realidade, as promessas específicas relativas à terra, feitas a Israel no Antigo Testamento, cumpriram-se sob a liderança de Josué.
O fundador, presidente e chanceler do Knox Theological Seminary, D. James Kennedy, recebe destaque no site de seu ministério Coral Ridge Ministries como “o pastor presbiteriano que atualmente tem a maior audiência no mundo”.
Entretanto, a posição sustentada no manifesto é errônea. A aliança que Deus fez com Abraão incluía três promessas: terra, descendência (i.e., “semente”) e bênção. Deus prometeu todos esses três elementos de modo igual e incondicional, de forma que não se pode optar por um em detrimento dos outros dois.
Deus prometeu que Abraão e seus descendentes seriam abençoados de modo concreto e literal. Um dos meios concretos pelos quais Ele os abençoou se verifica pela atitude de trazê-los de volta à sua terra.
Deus literalmente prometeu a Abraão que os descendentes naturais dele seriam “como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar” (Gn 22.17). Deus disse a Abraão “nela [i.e., na tua “semente” ou “descendência”] serão benditas todas as nações da terra” (v. 18). O povo judeu tem abençoado este mundo de maneira altamente significativa através de seus dons, talentos e realizações. No período de 1901 a 2006, dentre todos os ganhadores do Prêmio Nobel, 23% eram judeus. As Escrituras afirmam: “O restante de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho do Senhor, como chuvisco sobre a erva...” (Mq 5.7).
“O restante de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho do Senhor, como chuvisco sobre a erva...” (Mq 5.7).
Em última análise, o maior descendente natural de Abraão literalmente é o Messias de Israel: Jesus Cristo. Nele se cumpre a promessa do descendente feita há muito tempo na Aliança Abraâmica. Contudo, aquela parte da aliança que diz respeito à terra ainda está em vigor. Deus a concedeu junto com as outras promessas. Portanto, não se pode separar a descendência natural judaica da promessa de benção e da promessa relativa à terra para o povo judeu. A aliança em si é uma unidade indivisível que promete bênção material, descendência natural e uma terra física para os descendentes naturais de Abraão. Os gentios que são enxertados, conforme expõe o capítulo 11 de Romanos, recebem as bênçãos espirituais (Ef 1.3).
Além do mais, se a parte da aliança relativa à terra supostamente já se cumpriu sob a liderança de Josué, por que razão Deus reiterou Sua promessa de dar a terra ao povo judeu centenas de anos depois da morte de Josué, no tempo em que Israel amargava o exílio na Babilônia? Pois nesse tempo Deus confirmou a continuidade de Sua promessa ao declarar: “Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente” (Ez 37.25; grifo do autor). Para dizer a verdade, Deus afirma: “...e vos trarei à terra de Israel” (v. 12).
Quando Deus chamou Abraão, Ele o tirou de Ur dos Caldeus e o levou para um lugar geograficamente identificável, a terra de Canaã. Em Canaã, Deus disse a Abraão: “Darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7; cf. 26.3-4; 28.13-15).
“Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra [literal, física e concreta] que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre” (Gn 13.14-15; grifo do autor).
Em Gênesis 15.18, o Senhor determinou os limites geográficos dessa Terra Prometida: “Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”.
O rio do Egito pode ser uma referência ao rio Nilo, todavia, é mais provável que se refira ao uádi (i.e., ribeiro) do Egito que corre a nordeste da península do Sinai. Desse ponto os limites do território se estendem até a fronteira com o atual Iraque e o rio Eufrates.
O profeta Obadias acrescenta alguns outros limites territoriais. O povo judeu possuirá “o monte de Esaú”, que corresponde à atual Jordânia; “os filisteus”, cujo território hoje em dia corresponde à Faixa de Gaza; “os campos de Efraim e os campos de Samaria”, os quais atualmente correspondem ao território denominado pelos noticiários da mídia de Cisjordânia; “os cananeus até Sarepta”, cujo território corresponde ao Líbano; e “as cidades do Sul” (cf. Ob 19-20). Essa profecia data de 585 a.C., ou seja, um ano após a destruição de Jerusalém pelas mãos de Nabucodonosor, rei de Babilônia – cerca de 750 a 800 anos depois de Josué. Contudo, Obadias continua a declarar que os descendentes naturais de Abraão teriam a posse da terra.
Deus é onisciente. Ele já conhece o fim desde o começo, fato esse que ficou muito claro quando Ele qualificou Cristo pelo designativo de “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Deus conhecia com exatidão o que aconteceria ao longo da história humana e, em Sua soberania, preparou o caminho da salvação para a humanidade perdida, antes mesmo que qualquer pessoa pudesse entender a condição irremediável do ser humano.
De igual modo Deus fez promessas claras a Abraão, Isaque, Jacó e seus descendentes naturais, tendo pleno conhecimento de que eles pecariam e de que Ele, ainda assim, os libertaria e lhes daria o que prometera.
Os adeptos da Teologia da Substituição alegam que aquela terra não pode pertencer aos descendentes naturais de Abraão, porque Deus os substituiu por descendentes espirituais, a saber, os crentes em Cristo. Porém, o Senhor jurou solenemente nunca abandonar ou substituir Israel: “Assim diz o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor” (Jr 31.37).
O Senhor estabeleceu Israel permanentemente tanto como um povo quanto uma nação. A garantia das promessas divinas para os judeus é tão certa quanto aquilo que Deus promete para todos os crentes em Cristo no capítulo 8 da Carta aos Romanos.
Um dia, Deus há de cumprir tudo o que prometeu para o povo de Israel. A promessa da terra finalmente se cumprirá no Milênio [i.e., no reino de mil anos], quando Jesus reinar do trono de Davi sobre o povo judeu e sobre o mundo inteiro. Quando esse dia chegar, “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi [...] Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Is 11.6-7,9). Então, com a mais absoluta certeza, toda a Terra Prometida, conforme as Escrituras a demarcam, pertencerá ao povo judeu para sempre.

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