sábado, 2 de agosto de 2008

Um Grito Solitário - Crônica da Vida - CV/0001

Um Grito Solitário
Este é um desabafo que faço, num momento difícil, quando o ser humano precisa conquistar a sua liberdade, e nem pode contar com algum tipo de ajuda, pois a ameaça está presente. É a voz solitária de uma educadora, que gostaria de compartilhar a bênção da paz e da saúde com alguns que têm perdido a oportunidade de viver longe das drogas. Assim ela expressa:
“Para você, caro amigo, que entrou num mundo que eu não posso entrar. O pior que também não posso ajudar você a sair desse mundo. Sinto muito, mas chegou a hora que eu não queria: deixar-te sozinho, sem poder te afagar, não podendo nem mesmo dizer-te o que sempre quis dizer. Chegou a hora de te ver e não te enxergar, apenas tendo que me disfarçar, não podendo nem mesmo tocar em você. Fica impossível resgatar a tua dignidade, pois estão me proibindo exercer esse direito. A dignidade que todos têm de permanecer longe das drogas. Sei que tu não podes mais desabafar as angústias sobre os meus ombros. Não posso mais te falar do amor que só Deus pode oferecer. Não posso mais lutar para resgatar a tua vida sob pena de perder a minha. Estou falando isso, porque eu sei quanto custou para resgatar a minha dignidade. Infelizmente não posso mais segurar as tuas mãos, evitando que venhas cair no abismo. Não posso dizer que o meu caminho é sincero, que o meu caminho é fraterno. Quisera eu dividir contigo o meu saber, a sabedoria que pela graça divina eu pude construir. No entanto, eu nem comecei a lutar por ti. Não tive a chance de dizer a esta sociedade suja que tu precisas de ajuda. Quero que saibas que alguém é responsável por tua desgraça. É bom que saibas que em algum lugar, em casa, na escola ou na praça, tu és gente. Pela força de mando ou de desmando, nem sei mais, eu vou te deixar. Sim, porque a minha vida não tem preço. Mas eu gostaria que soubesses que tudo tentei fazer, para que tua vida pudesse ser melhor. Tudo o que eu queria era que pudesses ter uma vida mais digna, viver bem... consciente e lúcido, livre desse mal que tanto aflige a humanidade.
Juro que tentei resgatar a tua vida, adolescente. Vou continuar te olhando com carinho, mas não vou te pedir o que não seja possível. Só quero que te lembres que a vida é um dom de Deus. Ela não pode jamais ser destruída por um veneno que mata aos poucos, afetando a moral, a confiança, os amigos, a família. Enfim, todos morrem juntamente contigo!
Lembra-te de Deus, abraçando a vida, pois o resto é resto. Mesmo que os meus lábios estivessem cerrados, poderias ter a certeza que meu coração continuará pulsando em favor de tua vida, porque no silêncio de minha fala, imploro-te que possas buscar a vida plena, reorganizando-te, para viver uma Nova Vida. A vida não tem preço. A vida é Dádiva Divina.


A tua amiga,
Luzia Assunção

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