Há
uma diferença fundamental entre o escapismo místico e o altruísmo místico. No
primeiro caso, o homem está interessado apenas em conseguir sua própria
realização, e ficará satisfeito em parar por aí os seus esforços; no segundo
caso, ele tem o mesmo objetivo, mas tem também a aguda aspiração de fazer com
que suas realizações, uma vez materializadas, estejam disponíveis para o
serviço da humanidade. E pelo fato de tão profunda aspiração não poder ser
armazenada por muito tempo para esperar essa materialização, ele até
sacrificará parte do seu tempo, do seu dinheiro e energia para fazer o que
puder, ainda que pouco, para iluminar os outros intelectualmente. Até mesmo se
isso significasse nada fazer além de tornar o conhecimento filosófico mais
acessível às pessoas comuns do que o foi no passado, já seria suficiente. Mas
ele pode fazer muito mais do que isso. Ambos os tipos reconhecem a necessidade
indispensável de se retirar deliberadamente da sociedade e de se isolar de suas
atividades a fim de obter o recolhimento necessário para atingir intensidade de
concentração, refletir sobre a vida e estudar livros místicos e filosóficos.
Mas, enquanto o primeiro faria do isolamento algo permanente e vitalício, o
segundo faria dele algo temporário e ocasional. E, por "temporário",
queremos dizer qualquer período que vá de um dia a vários anos. O primeiro é um
habitante da torre de marfim do escapismo; o segundo é meramente seu visitante.
O primeiro só pode encontrar felicidade na solidão, e deve retirar-se da
perturbadora vida da humanidade para consegui-la; o segundo busca uma
felicidade que permanecerá firme em todos os lugares, e faz daquele retiro
apenas um meio para atingir esse fim. Cada um tem o direito de seguir seu
próprio caminho. Mas numa época como a atual, em que o mundo todo está sendo
convulsionado e a alma humana agitada como nunca antes, acreditamos
pessoalmente que é melhor seguir o caminho menos egoísta e mais
compassivo. (Paul Brunton)
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