INFERNO EM SANTA MARIA – O BRASIL VAI APRENDER...
Após a madrugada de domingo do dia 27 de janeiro, a
sociedade brasileira, com uma forte dor no peito e a sensação de fracasso, abre
os olhos para uma realidade em que convivemos há décadas e damos pouca
importância, nosso sistema público de gestão da segurança contra incêndio, como
na saúde, na segurança, na educação... Estão abandonados pelo poder público;
A sociedade entendeu, tardiamente, que fingir que temos
política de segurança contra incêndio custa caro e provoca dor, perdas de
preciosas vidas que tinham muito a produzir para a riqueza de nosso país.
O que me deixa
mais frustrado é ver que os governantes estão preocupados em achar um culpado,
prender possíveis responsáveis, mas pouco está sendo feito, e sabemos que
praticamente nada será feito em termos práticos para assegurar que outras
tragédias desta natureza se repitam... Os políticos sabem que o povo esquece
rápido, logo teremos o carnaval, a copa, as olimpíadas... E tudo é esquecido,
não existirão mais cobranças, tudo volta a ser festa.
Todos têm culpa, não é apenas o proprietário da boate, ou
o artista que acionou o artefato pirotécnico... O governo tem culpa, pois não
investe em legislação eficiente nem mesmo nas Corporações de Bombeiros por
julgar que é muito caro e não resulta em votos, os Comandantes das Corporações
Militares de Bombeiros tem sua parcela de culpa, pois mesmo sabendo não dispor
de pessoal em numero suficiente para fiscalizar e coibir irregularidades, assim
mesmo estão empenhados em impedir que as Corporações de Bombeiros Voluntário-Civis
façam a fiscalização nas localidades aonde não existe Bombeiro Militar,
inclusive lutando contra a existência destas Corporações de Bombeiros
Voluntário-Civis, a sociedade é culpada, quantas vezes nos negamos a participar
de treinamentos de segurança contra incêndio na empresa, na escola, na
associação de moradores por julgar desnecessários este tipo de atividade ou por
“ter coisas” mais importantes para aquele momento, os frequentadores das festas
também tem culpa, quem se preocupa com as condições de segurança nos eventos,
inclusive no jargão popular “quanto mais socado a casa, mais show estava a
festa”... Imaginem os Senhores como não deve estar degradante a segurança
contra incêndio nas cidades aonde não existe nenhuma Corporação de bombeiros,
se a exemplo de Santa Maria, nos demais municípios aonde existe uma Corporação
de bombeiro a situação já é de descaso...
Mas ainda há uma esperança, se os legisladores realmente
querem resolver o problema, devem criar leis que assegurem a implantação de
sistemas de segurança contra incêndio em todas as edificações, além de exigir a
presença de equipes de Bombeiros Civis em todos os eventos com concentração de
pessoas, também deverá ser repensado o atual sistema de Corporações de
bombeiros nas cidades, o ideal é que cada município instale seus quartéis de
Bombeiros, o Governo do estado não tem como instalar e manter Corporações em
todas as cidades, o custo com folha de pagamento principalmente de oficiais é
muito caro.
Atualmente o Estado de Santa Catarina dispõe de um modelo
de Corporação de Bombeiro com um custo bem mais acessível. São as Corporações
de bombeiros Voluntários, onde toda a sociedade participa, o governo estadual
fornece equipamento e uma ajuda financeira, as empresas e a comunidade investem
com recursos financeiros, por meio de doações e recursos humanos, por meio dos
bombeiros voluntários, o município fornece a edificação, equipamentos e
combustível, enfim com esta tríplice participação toda a sociedade sai
vitoriosa. Este é um modelo a ser seguido em todo o país, somente assim poderá
ser reduzido o déficit de
Corporações de bombeiros, pois atualmente 4.929
municípios brasileiros não possuem unidades de bombeiros.
“O homem é um animal racional dotado da incrível
capacidade de fazer loucuras” – Robert Mcnamara (1916-2009).
Samuel dos Santos – SINDBOMBEIROS/SC
sindbombsc@gmail.com
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