domingo, 7 de julho de 2013

Sobre Uruguai

Uruguai está na lista dos 40 melhores
lugares do mundo para se aposentar

Uruguai. Alguns do melhores indicadores da América Latina estão lá. Neste país as mulheres vivem em média 78 anos. Os homens 74. É considerado o país menos corrupto, o mais alfabetizado e o menos violento. E ainda está na lista dos 40 melhores países do mundo para se aposentar.

“O Uruguai atualmente tem tido dez anos de crescimento econômico muito importante, inclusive com alguns anos com taxas perto dos 7%. Taxas nunca vistas no Uruguai. Isso tem permitido digamos a melhoria da vida, a diminuição dos índices da pobreza. É um país tranquilo tem uma população bastante envelhecida também então o estilo de vida é mais sossegado, temos os atrativos culturais”, afirma Gabriela Mordecki, economista da Universidad de la República.
Claro que ajuda ser um dos menores países da América do Sul e ter apenas 3,3 milhões de habitantes. Mas os uruguaios souberam com maestria tornar atrativo seu pequeno país e ensinam lições preciosas.

Carlos Vilaró, um dos artistas mais famosos da atualidade, vai completar 90 anos em novembro. Ele é um exemplo de vitalidade e simpatia. Um homem amável e cheio de histórias.
Conta que com as mãos que hoje pintam telas começou a erguer a própria casa. Uma construção enorme apoiada sobre o rochedo chamada de Casapueblo. Erguida como um monumento ao sol, é um dos locais mais fotografados do Uruguai. E até inspirou o poetinha Vinicius de Moraes. Ele mora com seus gatos, tem seu atelier e uma vista deslumbrante de Punta Del Este.

A repórter pergunta qual o segredo para uma vida longa e feliz? “O segredo está primeiro na generosidade, no prazer de se doar. No encontro com as pessoas e ama-las. Eu sou um homem feliz”, responde Carlos Vilaró, artista plástico.
Felizes também são alguns casais. Para eles, e pra maioria dos uruguaios, vale a máxima que normalmente usamos em tom de brincadeira: está estressado? Vá pescar. Malaquias e Rosa, Osvaldo e Agostina são amigos e pescam juntos há 50 anos. Bem humorados, contam que não abrem mão de dias assim para descansar. E que a felicidade vem de coisas muito simples. “Aqui tomamos mate, comemos assado, tomamos vinho e desfrutamos da tarde pescando”, conta Malaquias Mendes, mecânico.

Pescam em um lugar que no Uruguai se chama de paisagem protegida. E existem muitos. Lá, a interferência do homem tem limites. Não pode colocar em risco a vida silvestre nem modificar a paisagem. Até porque esse é um paraíso para aves migratórias. É um espetáculo ver a Laguna de Rocha. Tão pertinho do mar. “Uma harmonia, uma simbiose que produziu isso ao longo dos anos e queremos ir conservando, porque é bom ao bem estar da natureza e do ser humano. Um pouco, é a proposta do país de ir conservando”, diz Héctor Caymares, guarda florestal do parque.
Marion também é muito ligada com a natureza, principalmente com as plantas. Tem um coração tranquilo e mostra com orgulho as suas receitas de vida.

Formada em botânica, aos 70 anos, ela decidiu não parar. Na lojinha de chás e ervas medicinais recebe os amigos e transmite o conhecimento que aprendeu com os antepassados e que aprimorou na faculdade. É feliz, nesse encontro de saúde com as plantas. “Eu penso que não passamos uma única vez por este mundo. Que passamos muitas vezes, então as coisas queridas são tão queridas, que parece que vieram de muito tempo antes. Eu as tenho incorporadas comigo de muito tempo. Estou muito contente com o que faço. E as plantas podem curar mesmo”, afirma Marion Aguilera, botânica.
Para um grupo felicidade e vida longa tem a ver com atividade, convivência e o prazer de fazer o que gostam, normalmente se encontram em associações que reúne 600 pessoas. Eles pagam uma pequena taxa e têm direito a uma infinidade de cursos como línguas, artes, canto e tai-chi-chuan. Mas as aulas mais disputadas são mesmo as de informática. Lá elas aprendem a usar o ‘ratón’, para nós brasileiros, o mouse. “Essa linguagem que nós teremos que conquistar para que possamos nos entender com nossos filhos, netos, enfim, com as gerações mais jovens”, diz Dione de Mateo, presidente da associação de idosos.

Quando a repórter pergunta como o grupo se sente, as frases são sempre curtas e definitivas. “Hoje me sinto livre, viva”, afirma Marina Silva, 70 anos. “Me sinto bem espiritualmente e fisicamente”, completa Maira Maio, 73 anos.
Vontade de viver. Que chamou a atenção da Universidad da República de Montevidéu.

“Em primeiro lugar se costuma dizer que o envelhecimento da população é como um perigo para a sociedade. Isso não é certo, é falso. O Uruguai não está em nenhum perigo com o envelhecimento demográfico. O Brasil vai envelhecer muito nas próximas décadas do ponto de vista da sua população. Vai ser o país que mais vai envelhecer no mundo do ponto da velocidade. Na realidade isso é uma oportunidade”, destaca Fernando Berriel, professor de psicologia.

 

Nenhum comentário: