lugares do mundo para se aposentar
Uruguai. Alguns do melhores indicadores da América Latina estão lá. Neste país as mulheres vivem em média 78 anos. Os homens 74. É considerado o país menos corrupto, o mais alfabetizado e o menos violento. E ainda está na lista dos 40 melhores países do mundo para se aposentar.
“O Uruguai atualmente tem tido
dez anos de crescimento econômico muito importante, inclusive com alguns anos
com taxas perto dos 7%. Taxas nunca vistas no Uruguai. Isso tem permitido
digamos a melhoria da vida, a diminuição dos índices da pobreza. É um país
tranquilo tem uma população bastante envelhecida também então o estilo de vida
é mais sossegado, temos os atrativos culturais”, afirma Gabriela Mordecki,
economista da Universidad de la República.
Claro que ajuda ser um dos
menores países da América do Sul e ter apenas 3,3 milhões de habitantes. Mas os
uruguaios souberam com maestria tornar atrativo seu pequeno país e ensinam
lições preciosas.
Carlos Vilaró, um dos artistas
mais famosos da atualidade, vai completar 90 anos em novembro. Ele é um exemplo
de vitalidade e simpatia. Um homem amável e cheio de histórias.
Conta que com as mãos que hoje
pintam telas começou a erguer a própria casa. Uma construção enorme apoiada
sobre o rochedo chamada de Casapueblo. Erguida como um monumento ao sol, é um
dos locais mais fotografados do Uruguai. E até inspirou o poetinha Vinicius de
Moraes. Ele mora com seus gatos, tem seu atelier e uma vista deslumbrante de
Punta Del Este.
A repórter pergunta qual o
segredo para uma vida longa e feliz? “O segredo está primeiro na
generosidade, no prazer de se doar. No encontro com as pessoas e ama-las. Eu
sou um homem feliz”, responde Carlos Vilaró, artista plástico.
Felizes também são alguns
casais. Para eles, e pra maioria dos uruguaios, vale a máxima que normalmente
usamos em tom de brincadeira: está estressado? Vá pescar. Malaquias e Rosa, Osvaldo e
Agostina são amigos e pescam juntos há 50 anos. Bem humorados, contam que não
abrem mão de dias assim para descansar. E que a felicidade vem de coisas muito
simples. “Aqui tomamos mate, comemos
assado, tomamos vinho e desfrutamos da tarde pescando”, conta Malaquias Mendes,
mecânico.
Pescam em um lugar que no
Uruguai se chama de paisagem protegida. E existem muitos. Lá, a interferência
do homem tem limites. Não pode colocar em risco a vida silvestre nem modificar
a paisagem. Até porque esse é um paraíso para aves migratórias. É um espetáculo
ver a Laguna de Rocha. Tão pertinho do mar. “Uma harmonia, uma simbiose
que produziu isso ao longo dos anos e queremos ir conservando, porque é bom ao
bem estar da natureza e do ser humano. Um pouco, é a proposta do país de ir
conservando”, diz Héctor Caymares, guarda florestal do parque.
Marion também é muito ligada
com a natureza, principalmente com as plantas. Tem um coração tranquilo e
mostra com orgulho as suas receitas de vida.
Formada em botânica, aos 70
anos, ela decidiu não parar. Na lojinha de chás e ervas medicinais recebe os
amigos e transmite o conhecimento que aprendeu com os antepassados e que
aprimorou na faculdade. É feliz, nesse encontro de saúde com as plantas. “Eu penso que não passamos uma
única vez por este mundo. Que passamos muitas vezes, então as coisas queridas
são tão queridas, que parece que vieram de muito tempo antes. Eu as tenho
incorporadas comigo de muito tempo. Estou muito contente com o que faço. E as
plantas podem curar mesmo”, afirma Marion Aguilera, botânica.
Para um grupo felicidade e
vida longa tem a ver com atividade, convivência e o prazer de fazer o que
gostam, normalmente se encontram em associações que reúne 600 pessoas. Eles
pagam uma pequena taxa e têm direito a uma infinidade de cursos como línguas,
artes, canto e tai-chi-chuan. Mas as aulas mais disputadas
são mesmo as de informática. Lá elas aprendem a usar o ‘ratón’, para nós
brasileiros, o mouse. “Essa linguagem que nós
teremos que conquistar para que possamos nos entender com nossos filhos, netos,
enfim, com as gerações mais jovens”, diz Dione de Mateo, presidente da
associação de idosos.
Quando a repórter pergunta
como o grupo se sente, as frases são sempre curtas e definitivas. “Hoje me sinto livre, viva”, afirma Marina Silva, 70 anos. “Me sinto bem espiritualmente
e fisicamente”, completa Maira Maio, 73 anos.
Vontade de viver. Que chamou a
atenção da Universidad da República de Montevidéu.
“Em primeiro lugar se costuma
dizer que o envelhecimento da população é como um perigo para a sociedade. Isso
não é certo, é falso. O Uruguai não está em nenhum perigo com o envelhecimento
demográfico. O Brasil vai envelhecer muito nas próximas décadas do ponto de
vista da sua população. Vai ser o país que mais vai envelhecer no mundo do
ponto da velocidade. Na realidade isso é uma oportunidade”, destaca Fernando
Berriel, professor de psicologia.
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