quinta-feira, 27 de março de 2008

O Ermitão - P/070


O Ermitão

Zadig, diz prá mim agora: o que sentes?
Enclausurado, desde a babilônia, muito só...
Contemplas o céu ao longe, ranges os dentes
Estás lendo o livro do destino, na garganta um nó.

Essa é a tua filosofia de vida? o que mais?
Tanta miséria, que não suportas tamanha dor!
Viajando a pé, conhecendo o mundo de seus pais...
Eras rico e mui formoso, repleto de tanto amor!...

Poliglota tu és, línguas de anjos podes falar!
às margens desse sagrado rio vives a meditar...
Barba branca como a neve, quero muito te honrar
Que Deus permita, sempre aqui te encontrar...

Segues caminhando, vejo em ti a bela aparência...
és venerável dentre todas as santas criaturas!
A tua saudação, símbolo da divina providência...
Em meio a tantos contrastes, as farturas...

O ermitão, sisudo, e com palavras de maestria...
Preso à promessa, sem ostentar qualquer vaidade,
Erguendo o pergaminho, responde com alegria:
- minha missão aqui é expressar a voz da verdade.

31.12.2007 – Jairo de Lima Alves

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