terça-feira, 1 de abril de 2008

Garagem da Solidariedade - P/099


Garagem da Solidariedade

O portão, constantemente aberto, o dia inteiro,
Permite que alguém possa entrar, e faceiro,
Venha bater à minha porta à busca de guarida.
Chegando a noite, eu mesmo vou fechá-lo,
Olhando dos lados, um visitante, sem magoá-lo
Vejo-o muito triste, e quer contar sua vida...

Sem que quisesse ouvi-lo, ergue a sua mão,
O visitante noturno pede um pouco de compaixão
Uma viva alma chegando, meu semelhante...
Poderia ser um ladrão, que vem para assaltar,
Tirando o meu sono, mas tive que lhe escutar...
E nesta noite silenciosa, parei por um instante.

O portão continua aberto, quase dorme a cidade,
Aquele homem apenas clama por solidariedade...
Olho para o céu contemplando a imensidão,
Imaginando uma noite negra, preciso meditar...
Ocupo aquele belo espaço, grandeza sem par
Vem do alto um manancial de inspiração.

Meu coração começa a pulsar, de repente...
Minha mão treme e todo o meu ser sente.
O portão precisa ficar aberto ao irmão...
Vejo o brilho de uma estrela muito além,
Me toca profundamente, vejo que alguém,
Aquele homem, bem próximo, me dá a mão.

Esse gesto me comove, convido-o a entrar,
E sua história todinha, ele se põe a contar...
Meu coração se desmancha na mesma hora.
Dias e noites pobres criaturas vagam por aí,
O portão fechado, eu fugindo, triste saí...
Na garagem, o sonho, enquanto a alma chora.

23.01.2008 - Jairo de Lima Alves

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